domingo, 9 de novembro de 2008

À guisa de abertura...

Esse espaço surge de minha necessidade de escrever, é simplesmente isso. Sinto-me, a essa altura da vida, como uma prostituta velha que apesar de ter sido forçada a fazer sexo profissionalmente a vida inteira, para sobreviver, ainda assim persiste amando e precisando fazer sexo: em minha vida, preciso escrever e publicar sistematicamente, sob pena de perecer (“publish or perish”), isso tem sido minha rotina e minha sina nos últimos vinte anos, e ainda assim escrever me traz um enorme prazer. Nada sei acerca do valor intrínseco desses escritos, desculpo-me diante dos incautos leitores a quem doravante os impingirei, leitores que em primeira instância fazem parte do meu rol de pessoas queridas e/ou conhecidas, ocupantes de minha agenda de endereços. Aqueles dentre estes que se sentirem incomodados, ou mesmo ofendidos diante dessa presunção, rogo se auto-excluirem da lista, sem com isso passarem a me querer mal... Aqueles que, por amizade, caridade, interesse real ou qualquer outra bem-vinda motivação permanecerem na lista de leitores, meu sincero agradecimento, porque os leitores internos a quem eu mostrava meus textos já haviam se cansado de dialogar comigo, é hora de ampliar!
Batizei esse blog com o pomposo título de “Espaço Dialógico Luigi Pirandello” por três razões: primeiro, por homenagem a um bar/galeria/restaurante ótimo que existiu na rua Augusta, em São Paulo, o Spazio Pirandello, onde a classe jornalística e teatral da cena consagrada e undi-grudi paulistanas, bichos-grilo em geral, performers, travecos dando um tempo, viajantes nordestinos de passagem, o espectro todo GLBTS, enfim, gente da melhor qualidade tomava todas noite a dentro, em busca de um sentido para vida e ouvidos tolerantes para idéias brilhantes em germe; segundo, porque ando encantado com essa coisa de dialogismo, na qual minha colega Selma Leitão vem me alfabetizando, e acho que esse será um espaço dialógico por excelência, se ao final tiver sido bom; e terceiro, porque esse espaço servirá para que eu finalmente solte no mundo toda uma multidão de personagens que venho aprisionando em minhas andanças, seja nos metrôs e busões recifenses, nas travessias Natal-Recife-Natal, seja numa platéia buliçosa de teatro esperando o início do espetáculo, seja lá onde for. Vejo o mundo como uma arena na qual circulam inúmeros personagens em busca de um autor; o mundo cada vez mais me aparece como um espaço em que sempre se improvisa, em que textos não-escritos (mas textos) emergem e são recitados, papéis são construídos e co-construídos, tudo conforme Luigi Pirandello, esse caçador de borboletas humanas, demonstrou genialmente tempos atrás. Assim me parece, e conforme me autoriza Pirandello, assim é!

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